Deus permitiu que eu vivesse exatamente aquilo que eu precisava viver neste ano. e, feliz ou não com cada dia ou situação pela qual passei em 2013, quem sou eu para contestar ou questionar Aquele que detém toda sabedoria do mundo? foram dias de alegria, de intensa felicidade - daquela que a gente torce para que nunca tenha fim. mas fui premiada também com dias terríveis, dias de tristeza abismal que me fizeram sentir o coração debaixo do sapato, num poço escuro sem corda ou escada para resgate. não contei quantos foram os nebulosos-longos-dias-tristes, pois, deliberadamente, Deus me concedeu também a graça da superação. com naturalidade, o tempo devolveu-me a fluidez, pois a vida é assim, muito parecida com um rio que segue seu curso. além disso, tenho plena consciência de que os dias felizes foram mais numerosos que os tristes; a diferença é que eles são tratados como algo tão óbvio e rotineiro, meio que "com a obrigação de serem assim", que nem sempre são alvo de grandes reflexões. chorei quando necessário - o choro é uma válvula poderosa de escape, um canal potente de escoamento. ri sempre que pude e esforcei-me para sorrir quando achei que não conseguiria. das quedas, levo as cicatrizes e as lições; das conquistas, a certeza de que sou capaz de muito mais do que às vezes acredito ser. com gratidão e humildade, aceito o que me foi concedido nesses 365 dias. aqui cheguei, sobrevivi, passei de ano. estou pronta para continuar o percurso de meu rio-vida, começando a contagem de um novo ciclo.
31.12.13
19.12.13
O Que Penso Sobre as Cestas de Natal
do indefectível panetone ao super natalino torrone, toda cesta de natal deveria conter somente - e tão somente - produtos de primeira (íssima!) qualidade. isso mesmo. vejo o sacrifício a que se submetem os cidadãos ao carregarem aquelas caixas incômodas e pesadas, geralmente em horário de intenso movimento coletivo, em metrô e ônibus lotados, no dezembro escaldante de nosso país tropical. fico imaginando esses mesmos pobres coitados chegando em casa exaustos, suados, abrindo a caixa-surpresa e deparando-se com farinha de rosca, farofa, azeitonas mais duras que seus próprios caroços, um panetonezinho de uma marca diabo qualquer e uma garrafa de Sidra Cereser. pasmém! senhores empresários, gestores, chefes, presenteiem seus funcionários com um bom e infalível Bauducco 1kg - afinal, as famílias costumam ter, em média, de 2 a 4 membros, e o que os senhores vão economizar excluindo os demais e totalmente desnecessários itens, dá para agradá-los com um Bauduccão. não cometam o ultraje do excesso, por favor, pois quase nunca quantidade é sinônimo de qualidade.
5.12.13
Das Pobrezas
ser pobre, tudo bem, não é defeito (é azar),
mas ter cabeça e atitudes pouco favorecidas, ah, isso não dá.
a pior das pobrezas - e a única imperdoável - é a de espírito.
mas ter cabeça e atitudes pouco favorecidas, ah, isso não dá.
a pior das pobrezas - e a única imperdoável - é a de espírito.
2.12.13
tenho vontade de deixar por um tempo os esmaltes, saltos, saias, escova nos cabelos, internet, celular, chuveiro quente, cama com lençóis brancos.
vontade de fazer algo mais rústico, selvagem - como uma trilha, um daqueles famosos caminhos disso ou daquilo, acompanhada por chuva, vento, tombos e arranhões.
interessante, mas enquanto escrevia as linhas acima, como se eu tivesse tido um lampejo, um clarão repentino, um momento de lucidez ou escutado uma voz ao ouvido: "cai na real, minha filha", a vontade passou.
vamos ao shopping?
vontade de fazer algo mais rústico, selvagem - como uma trilha, um daqueles famosos caminhos disso ou daquilo, acompanhada por chuva, vento, tombos e arranhões.
interessante, mas enquanto escrevia as linhas acima, como se eu tivesse tido um lampejo, um clarão repentino, um momento de lucidez ou escutado uma voz ao ouvido: "cai na real, minha filha", a vontade passou.
vamos ao shopping?
28.11.13
Confissão
às vezes, confesso, algumas coisas me fazem falta.
não que eu as queira de volta -se é que me entende.
8.10.13
12.9.13
Das Multidões
sempre comparo multidão com rebanho. manada esbarrando-se, respirando o mesmo ar, espremendo-se, estreitando-se, convergindo para uma porteira, sendo afunilada, guiada por seu senhor: um ídolo, uma causa, uma rotina, um objetivo. escravidão travestida de liberdade.
27.8.13
22.8.13
1.8.13
31.7.13
Infância de Antigamente
sol de verão, pés no chão, bolhas de sabão.
fruta fresca, bicho na goiaba, pastel
na feira e garapa.
corda, boneca, cantiga de roda,
amigos reais - ainda não cogitávamos os virtuais.
banho de chuva, de mangueira, banho quente na banheira.
medo do
homem do saco, do bicho papão, da bruxa malvada, da escuridão.
o dente caia ou era arrancado por linha -
e mesmo assim, banguelas, sorríamos
com a língua na janela.
escola
era para aprender, mesa para comer.
nossa
casa era um lar. tudo tinha seu lugar.
só não lembro com exatidão o que me deixava mais contente:
24.7.13
Livrai-me, Senhor
da fúria da tristeza, da amargura da solidão.
da inveja, da inércia, da dor da desilusão.
da avareza daquele que não estende a mão.
da maldade, da frieza que endurece o coração.
da cegueira do egoísta que sempre pensa ter razão.
da desventura de passar pela vida e não vivê-la com paixão.
da inveja, da inércia, da dor da desilusão.
da avareza daquele que não estende a mão.
da maldade, da frieza que endurece o coração.
da cegueira do egoísta que sempre pensa ter razão.
da desventura de passar pela vida e não vivê-la com paixão.
22.7.13
18.7.13
Palavras
leio revistas de trás para frente. leio capa, contracapa, dedicatória de livros. leio bula de remédio, informações no frasco de shampoo. quadrinhos, clássicos, crônicas, poesias, entrevistas. sorrio com textos alegres, choro com os tristes, vibro com os inteligentes.
leio pessoas. leio silêncios. leio intenções e entrelinhas.
leio um pouco de tudo. de tudo, leio um pouco.
leio pessoas. leio silêncios. leio intenções e entrelinhas.
leio um pouco de tudo. de tudo, leio um pouco.
17.7.13
"como são admiráveis as pessoas que nós não conhecemos bem."
|Millôr Fernandes|
|Millôr Fernandes|
sim, Millôr, verdade. essas não acordam ao nosso lado com mau hálito e descabeladas. não expõem suas fraquezas, não deixam à mostra o pior de si. falam baixo, são dóceis, sorriem e gesticulam graciosamente. de fato, são encantadoras. praticamente perfeitas.
10.7.13
Rascunho
tenho um sem-fim de defeitos, uma série de falhas a serem trabalhadas.
ainda assim, gosto do que vejo, pois sou possibilidades - pedra bruta a ser lapidada.
ainda assim, gosto do que vejo, pois sou possibilidades - pedra bruta a ser lapidada.
21.6.13
7.5.13
3.5.13
Podia Ser
ao pé do arco, da torre.
sentada num café, apreciando a Gioconda.
à margem do Sena, do Saint Martin.
degustando um rouge, uma Perrier.
caminhando sozinha, perdida -
ou (quem sabe?) abraçada a você.
agora? neste momento?
4.4.13
Fácil & Difícil
criticar é fácil, basta abrir a boca e tecer o achismo. colocar-se no lugar do outro, viver suas lutas, sentir suas dores é que é difícil.
difícil é refletir antes de abrir a boca, perguntar-se se o que tem a dizer acrescentará. é difícil pedir licença para falar, e, mais ainda, conter-se diante da possibilidade de machucar.
é simples dizer o que se pensa, o que vai pela cabeça. é muito fácil falar sobre o que o outro fez ou deixou de fazer. difícil é segurar-lhe a mão, oferecer-lhe o ombro, ouvir-lhe a voz ou respeitar-lhe o silêncio.
é muito simples falar sobre o que se vê, o que está exposto. difícil é entender que nem tudo é como parece ser, que um ponto de vista nunca é igual a outro.
é simples achar que se tem o direito de mergulhar na vida alheia. difícil é entender que todo mundo tem seu próprio abismo, seu mundo impenetrável, sua barreira.
fácil é bancar o mestre, o guru, deus, juiz ou amigo do peito. difícil é ter discernimento, reconhecer as próprias deficiências, saber qual o limite entre a ajuda e a inconveniência.
difícil é refletir antes de abrir a boca, perguntar-se se o que tem a dizer acrescentará. é difícil pedir licença para falar, e, mais ainda, conter-se diante da possibilidade de machucar.
é simples dizer o que se pensa, o que vai pela cabeça. é muito fácil falar sobre o que o outro fez ou deixou de fazer. difícil é segurar-lhe a mão, oferecer-lhe o ombro, ouvir-lhe a voz ou respeitar-lhe o silêncio.
é muito simples falar sobre o que se vê, o que está exposto. difícil é entender que nem tudo é como parece ser, que um ponto de vista nunca é igual a outro.
é simples achar que se tem o direito de mergulhar na vida alheia. difícil é entender que todo mundo tem seu próprio abismo, seu mundo impenetrável, sua barreira.
fácil é bancar o mestre, o guru, deus, juiz ou amigo do peito. difícil é ter discernimento, reconhecer as próprias deficiências, saber qual o limite entre a ajuda e a inconveniência.
22.3.13
19.3.13
Deitando a Consciência
mas a minha consciência precisa estar tranquila. não pelos outros, por mim - pela minha saúde e integridade física e emocional. para que eu deite à noite e um bom travesseiro me seja o único ansiolítico necessário.
13.3.13
Homens Néscios
é tanta maldade, egoísmo, arrogância. é grande a futilidade, a vulgaridade e o vazio que assola cada vez mais o homem.
as universidades estão cheias, as livrarias vendem como nunca. o ser humano está cheio de conhecimento, cada vez mais graduado, transbordando informação.
mas de que adianta essa busca insaciável pelo saber, essa batalha diária por maiores e melhores conquistas, se o essencial - o amor e suas nuances - está cada vez mais em desuso? de que vale tanto investimento em nós mesmos se não conseguimos enxergar o próximo, se não somos capazes de exercer o papel de "ser inteligente" - acessório que deveria diferenciar-nos das outras espécies - com paz, benignidade, mansidão, domínio próprio?
ai de nós, seres humanos! ai de nós que acreditamos na mentira das aparências, que julgamos pela capa - segundo nossos olhos míopes - e, convencidos e orgulhosos de nossos feitos, seguimos acreditando em nossa constante evolução.
sobra-nos conhecimento, mas falta-nos sabedoria; e é esse desequilíbrio a causa maior de nossa eterna desavença com a genuína felicidade.
sobra-nos conhecimento, mas falta-nos sabedoria; e é esse desequilíbrio a causa maior de nossa eterna desavença com a genuína felicidade.
7.3.13
Chuva de Março
chove com abundância. chuva típica de verão.
melhor seria essa chuva no mato -
aroma de campo molhado, de terra subindo do chão.
melhor seria essa chuva no mato -
aroma de campo molhado, de terra subindo do chão.
27.2.13
certas coisas conquistamos facilmente, outras, com algum grau de dificuldade, e há aquelas que sequer passamos perto. e quantas vezes, quando não conseguimos o que queremos, sentimo-nos criaturas desprivilegiadas, sem sorte, esquecidas.
mas qual a graça em ter tudo? que graça teria constatar: "não tenho mais o que buscar"? não ter tudo não é o que nos faz dormir e acordar sonhando? não ter tudo não é o que nos faz continuar desejando e lutando? então, será que não ter tudo não é uma das maiores riquezas que possuímos?
25.2.13
não gosto de pessoas frias. pessoas cujos olhos nunca brilham de alegria, cujos lábios não se transformam em risinho de felicidade incontida.
não gosto daqueles que nunca têm uma história apaixonante para contar, que não se emocionam com nada nem ninguém.
não gosto dos que são incapazes de sentir a dor física ou emocional de seu semelhante, dos que não têm sensibilidade para entender que o animal irracional também sofre.
não gosto daqueles que estão sempre prontos para criticar ou zombar, daqueles que se orgulham de sua própria ironia, arrogância ou indiferença.
no fundo, não é que eu não goste, tenho pena.
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