tenho um pássaro enclausurado na alma. algumas vezes, conforma-se com sua condição, mas na maior parte do tempo, não. então, rebela-se, grita e joga-se contra as grades que o limitam. nasceu livre e precisa disso para viver.
e nesses dias, enfrento um grande conflito existencial. e dói. dói na alma e acho que é ele, o pássaro, em revolta me ferindo. então choro e tento confortar-nos, dizendo que isso é passageiro, que logo vai mudar - o tempo sempre resolve tudo, não é mesmo?
perco o sono, rolo na cama. ando pra lá e pra cá. pergunto-me: quando foi que permiti a gaiola, a chave, a clausura?
com o peito apertado, sinto que ele, o pássaro, aos poucos vai sossegando - até que aninhado, dorme. pego no sono também. estamos cansados, mas não derrotados. afinal, o tempo sempre resolve tudo, não é mesmo?