eu tinha 14 anos e uma melhor amiga de 17. estudávamos juntas na 8ª série do Colégio Adventista da Liberdade. Ana Cláudia, que odiava que a chamassem de Ana, era praticamente uma mulher; eu, uma menina. ela ia ao cinema sozinha, fumava um tal de Arizona, ia para o colégio com meias de cores diferentes - eu dizia: "Cláudia, você está com uma meia vinho e uma bege", ela respondia: "ah, não achei o par". ela venerava o Stallone (juntas, vimos Rocky I, II, III, ... X, todos os Rambos, Cobra), o Twisted Sister (lembro até hoje do feioso vocalista, que ela achava lindo, e de "We're Not Gonna Take It") e um garoto-roqueiro-cabeludo chamado Ricardo que morava em sua rua, no Ipiranga - escondíamo-nos atrás dos carros para fotografá-lo passando e, depois, morríamos de ansiedade até ter dinheiro para pagar pela revelação do filme (Ricardo se apaixonou por mim, trocamos uns beijinhos e passei a evitá-lo). usávamos jeans mega colados e era um sacrifício passá-los pelos pés e pernas. fomos para a praia sozinhas, de ônibus, e fizemos mechas loiras nos cabelos (horrível!); gravamos nossas músicas favoritas em fitas cassetes. além disso tudo, Cláudia ainda me ensinou a amar Dire Straits. “Brothers in Arms” era nosso hino. compramos juntas o LP de capa azul (o da foto do vídeo abaixo) e compartilhamos a guarda desse filho: uma semana com cada uma. o disco ficou comigo – herança de uma amizade que se desfez com o tempo, mas que nunca esqueci. minha melhor amiga foi estudar em Campinas e depois voltou para sua terra: Parnaíba, no Piauí. falamos várias vezes ao telefone, trocamos cartas e mais cartas. ela casou, teve uma filha, separou-se. nunca mais nos falamos.
30.5.14
14.4.14
Aprendizado
sendo inteiro, pode alguém viver pela metade?
pensando nisso, vem-me à mente "Aprendizado"; e, enquanto leio e releio tão belo texto, digo para mim mesma: Ferreira Gullar roubou-me as palavras - teria eu escrito este poema não fosse ele antecipar-se.
pensando nisso, vem-me à mente "Aprendizado"; e, enquanto leio e releio tão belo texto, digo para mim mesma: Ferreira Gullar roubou-me as palavras - teria eu escrito este poema não fosse ele antecipar-se.
"do mesmo modo que te abriste à alegria
abre-te agora ao sofrimento
que é fruto dela
e seu avesso ardente.
do mesmo modo
que da alegria foste
ao fundo
e te perdeste nela
e te achaste
nessa perda
deixa que a dor se exerça agora
sem mentiras
nem desculpas
e em tua carne vaporize
toda ilusão
que a vida só consome
o que a alimenta."
e, ao saquear-me desta forma, deixou-me o poeta apenas a opção de citar um outro poeta:
isso pra mim é viver."
1.4.14
Primeiro de Abril
tá cheio de insônia debaixo desse edredom frio. eu me remexo nos lençóis, abraço o travesseiro, te procuro e só encontro o vazio. se amanhã te contar que dormi bem, não acredite: é primeiro de abril.
daqui ó: Espasmos
daqui ó: Espasmos
27.3.14
Labirinto Emocional
busca, busca, busca, mas nunca encontra um oásis para repousar e acalentar o coração sempre tão vazio e perdido. assim é a pessoa que não sabe a que veio, que não sabe qual o seu papel neste mundo simples, porém indecifrável em sua mente sempre tão obscura e confusa.
21.1.14
Poder
as palavras têm grande poder.
use-as para o bem, use-as com amor.
use-as com o intuito de alegrar,
de tornar melhor a vida de quem as ouve.
o maior beneficiado, não tenha dúvida,
será você - quem as pronuncia.
use-as para o bem, use-as com amor.
use-as com o intuito de alegrar,
de tornar melhor a vida de quem as ouve.
o maior beneficiado, não tenha dúvida,
será você - quem as pronuncia.
17.1.14
Diálogo
- com o passar do tempo, comecei a sentir sua falta.
- com o passar do tempo, fui deixando de sentir a sua.
- com o passar do tempo, fui deixando de sentir a sua.
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