15.2.12

Confessionário



confessei ao mar meus desejos, revelei meus segredos, contei o que almejo.
brinquei com a areia entre os dedos, tracei linhas e planos, inclui neles teu nome.
como quem chega de viagem, cheio de novidade e põe no chão a bagagem, desatei a falar.
contei que minha alma tinha sede e que eu desejava o deleite de poder saciar.
disse com liberdade, repleta de coragem, tudo o que tive vontade. 
confessei-me ao mar.

13.2.12

Perfeição


sete são os mares, os dias da semana, as cores do arco-íris, as notas musicais. sete são as virtudes, os tubos da flauta de Pã, as cordas da lira de Apolo. na bíblia sagrada, o número da perfeição. 

aqueles dias estão vivos em minha memória, tão vivos como se não tivessem passado. e desejo (tão profundamente desejo) que o tempo não retalhe com a lâmina da distância, a emoção e o desejo de continuidade que juntos compartilhamos. torço para que o tempo não roube o brilho da alegria vivida, assim como rouba a cor das fotografias impressas num processo de irreversível desgaste.

quero acreditar que tudo o que falamos e sentimos foi real, tão real quanto o mar que continuará ali, encantando como um grande feiticeiro os que por aquele terraço passarem. 

sete são as cidades sagradas da Índia, as colinas de Roma, os algarismos romanos. sete eram as belas artes, as maravilhas do mundo antigo. sete é, indiscutivelmente, o número da perfeição.

(ouça: Es Caprichoso el Azar, com Joan Manuel Serrat y Noa)