30.4.10

Duelo

O que fazer quando o coração quer  algo contrário à razão?  Quando esse músculo teimoso, que imagina ter vida própria, irredutivelmente quer que a sua vontade prevaleça?

Sou assim, pura emoção. Vejo-me ilustrada na autodescrição de Vladimir Maiakovski: "Nos demais, eu sei, qualquer um o sabe! O coração tem domicílio no peito. Comigo a anatomia ficou louca. Sou todo coração, em toda parte palpita."

Dar ouvidos à razão, que insiste em mostrar que a melhor saída nem sempre é a mais atraente ou a mais vibrante, não é tarefa fácil quando se está cego de amor. Caspita! Será que a cegueira diminui a audição?! Não pode ser, sempre ouvi o contrário.

Quem é que pode com as peripécias desse ser destemido e inconsequente? Ninguém, nem ele mesmo.

Aquele dia de lucidez, em que finalmente a razão consegue falar mais alto depois de tanto penar, sempre chega. Aí, a gente se põe a pensar - coisa que o coração não nos permitira até então - olha pra trás e vê quanto prejuízo aquele ser desmiolado e autossuficiente provocou com seus castelos de areia construidos à beira mar.

E lá vamos nós, vencidos, falidos e com o rabo entre as pernas: re-co-me-çar. Acreditando piamente e jurando que nunca mais - nunca mais mesmo - o coração vai comandar nossas decisões.

Tsc, tsc... ledo engano.

27.4.10

Esse Amor

98% é ausência, รσł¡dãσ
E o que resta é nada, i∟uSãø

 


E já dizia Caetano...

"Meu amor,
Tudo em volta está deserto
Tudo certo
Tudo certo como
Dois e dois são cinco."

26.4.10

Meu Terrível Eu

Noto que nos últimos dias tenho sido um ser intragável, de um mau humor explícito e tolerância zero. Sem paciência para o diálogo, pareço uma bomba relógio prestes a  explodir. Mas estou vivendo uma fase cheia de dúvidas, poucas respostas e muita, muita introspecção. Por isso, peço que me dêm um desconto, porque EU não estou bem. E esse EU (que, juro, não sou eu!) tem me deixado à flor da pele.

Tem uma livraria num shopping perto de casa que gosto muito e, sempre que posso, fico ali horas e horas, entretida com os livros, revistas e pessoas circulando entre os gadgets eletrônicos e as muitas prateleiras. Mas hoje fui até lá, sentei, fiquei observando o movimento e me pus a pensar: porra, se tudo o que mais quero é ficar bem, por que cargas d'água tenho pego todos os caminhos contrários ao que busco? será que tudo é reflexo de uma nuvem negra que repousa sobre minha cabeça e insiste em não me deixar? será que enfrento uma crise existencial? huum... será também que há leitores para tantos livros? será que todos esses livros têm conteúdo ou muitos deles têm apenas páginas escritas? 

Talvez o motivo maior para eu estar assim seja o fato de ter me apaixonado pela pessoa errada. Ou melhor, acho até que me apaixonei pela pessoa certa, mas no tempo errado. Como diria Renato Russo: "agimos certo sem querer, foi só o tempo que errou".
 
Outra coisa que está me deixando apreensiva e acho que tem contribuido para o meu mau humor, é que na próxima quinta-feira vou passar por uma cirurgia - simples, mas uma cirurgia. Saber que vou ficar anestesiada e desacordada por algumas horas não me deixa nada confortável.

Fora o que mencionei, há otras cositas mas que nem convém serem citadas. Isso aqui se tornaria uma página de lamúrias infindáveis e, cruzes, ninguém merece!


24.4.10

À Espreita

Faz sete dias.

Final de tarde. Noite começando. Lembro de sua roupa. Lembro também do seu rosto triste e preocupado perguntando: "San, estou abatido?" - "Não, meu querido, não está. Está lindo como sempre!" Não pude dizer que sua tristeza e aflição eram nitidamente visíveis (apesar de estar lindo como sempre), pois isso o deixaria ainda mais angustiado.

Choramos. Nos abraçamos.
A dor. A esperança. O medo. A fé.
Um turbilhão de sentimentos contraditórios brigando entre si.
Uma lucidez de outro mundo, misturada à sensação do mais intenso torpor.

De lá pra cá, não pude mais vê-lo. Não pude abraçá-lo uma vez sequer. E confesso: preferia não vê-lo nunca mais, sabendo que está bem, do que viver o pesadelo de ter que ficar à espreita num momento como esse.

À distância torço por você. Oro. Choro. Oro de novo.
Sorrio, lembrando tantas coisas boas que vivemos juntos.
À distância converso com você. Sei que não me ouve.
Não tem problema. Eu converso mesmo assim.

Falta muito pouco, tenho certezaEm breve, estará de pé contagiando a todos com sua doce alegria. Essa fase é um divisor de águas. Deus está te dando uma nova oportunidade. Já pensou nisso? 

Continuarei aqui, do lado de cá, pedindo ao Pai para que conduza seus passos, te dê paz, sabedoria e muito, muito amor nesse coraçãozinho restaurado.

Desejo sinceramente, MonGrandAmour, que seja o homem mais feliz deste mundo.

(amar é)
.
.
.
Deixar ir.

Deixar voar.

Deixar fluir.

Deixar viver.
.
.
.
(é amar) 

21.4.10

Saudade

S A U D A D E                sAuDaDe                    saudade   

            SaUdAdE         SauDAde   


             s a U d a De          SAUDADE        s a u d a d e

SaUdAdE           sauDadE

sAUdaDE                        s a u d a d e                             SAudADe              

19.4.10

Grande Deus

A vida é uma linha tênue: aparentemente inesgotável, mas de uma sensibilidade tremenda. Mesmo assim, quantas vezes agimos estúpida e arrogantemente. Ignoramos nossa fragilidade e dependência dAquele que tudo criou e tudo mantém com Sua destra fiel. Seguimos montados em nossa cega prepotência, esquecendo que um dia, talvez quando menos esperarmos, a vida já não nos pertencerá mais.

A manhã e a tarde de hoje foram tensas, mas agora é hora de respirar fundo, soltar os ombros e agradecer Aquele que em Seu infinito amor atende todas as nossas necessidades - desde a mais insignificante, até aquela que, de tão grande, muitas vezes nos faz vacilar na fé e duvidar de Seu poder para suprí-la.

Pai, não sou digna de Seu amor, não sou digna de que me Ouças - mas o Senhor ouviu atentamente minha prece e atuou de forma maravilhosa, como era de se esperar. 

Obrigada, querido Deus, porque mesmo sendo quem somos, não desiste de nós.

Um brinde à vida! Um brinde ao renascimento de um guerreiro!

17.4.10

A Letra P do Seu Nome

Paris: minha querida Paname.
Petit Gateau: sobremesa predileta, seguida por Profiterole.
Só aqui são 4 Ps (lembrei das aulas de MKT, mas desses Ps eu não gosto!).
Poupéema petite chat.
Piano: o mais sensível dos instrumentos.
Perfume: a maioria dá enxaqueca, mas é impossível não usar.
Perrier: deliciosamente refrescante.
Pedalar: não é meu esporte preferido, mas está entre os três mais.
Peixe: a única carne que como.
Pets: dá vergonha dizer, mas ás vezes gosto mais do que gente.
Panetone: tinha que ser vendido o ano todo. Injustiça essa história de "produto sazional". 

"A letra P do seu nome
Abre essa porta e entra
Na mesma casa onde eu moro
Na mesa que me alimenta"

Okay, esse pequeno trecho da composição de Nando Reis cita "a letra A do seu nome", que não tem nada a ver com a letra P do nome ao qual me refiro - e menos ainda com o conteúdo deste post. Mas, como veio à tona, cá está:

14.4.10

Um Dia

Um dia, toda dor vai calar e toda ferida fechará.
Restarão apenas as marcas. Cicatrizes: nossa única herança.

Um dia, seguiremos sem ter os olhos rasos d'água.
As pálpebras estarão secas e os olhos trincados.
Chegaremos à conclusão de que fomos desfeitos um para o outro.
E o amor será substituído pelas lembranças.

Um dia, respirar nos trará alívio e a certeza de que sobrevivemos.
Os caminhos serão novos e os passos seguirão firmes. 
O sol acariciará nossa pele e aquecerá nossa alma.
E nos dias frios, aquele mesmo vento que nos castigar,
também levará toda desesperança.

12.4.10

Um Grande Homem

Estar ao seu lado  nesse  momento tão importante e  difícil é  tudo o que eu  mais queria. Mas nem sempre somos donos de nossos passos, por isso, algumas emoções precisam ser sufocadas - por mais que não pareça justo.

Grande é meu esforço para aceitar tal condição. É um exercício diário, acredite.

As linhas abaixo são para você. Não é um texto elaborado nem tampouco uma poesia. Leve-as contigo até quando a lembrança lhe soar agradável.

Menino em corpo de homem. Homem com jeito de menino.
Sorriso brando e riso inebriante. Olhos que falam à alma.
Corajoso. Louco. Senhor de suas emoções.
Seu abraço é envolvente. Vicia.
Mãos amigas, amantes. Sinto-as em meu rosto, em meus cabelos. 
Conheço os detalhes de seus dedos. Nem preciso fechar os olhos para lembrá-los.
Adoro o cheiro doce de seu corpo e o calor que emana dele.
Sou apaixonada pelo seu humor.
Embora o tenha visto muitas vezes nervoso, sei que por trás dessa máscara de homem duro há a essência de um menino carente de colo.
Jovem. Nem de longe carrega o peso da idade que tem. És suave.
Tem uma energia de dar inveja. Impressionante sua vitalidade!
Bom gosto indiscutível: roupas, restaurantes, lugares, perfumes (mas sei que o que mais gosta - Davidoff Cool Water - foi indicação minha).
Conhece o que é bom e desfruta muito bem daquilo que tem acesso.
Permite-se ousar, viver, voar.
Um homem apaixonante. Um pai exemplar. Um líder humano.
Inteligente. Sagaz. Empreendedor. Querido por muitos.
Inimigos? Pode até ser que tenha, mas eu duvido.
Conheço alguns de seus defeitos, mas são tantas qualidades que esses tornam-se aceitáveis e até muito discretos.
Tenho orgulho de você.

Sei que está passando por um momento de conflito e dor, mas acredite que tudo ficará bem - porque realmente ficará MUITO bem.

Amanhã será um dia difícil, eu sei. Mas tem muita gente orando e torcendo por você.

Está em boas mãos: a equipe médica é competente, o hospital é especializado.

Este pesadelo vai passar. Em breve, olhará para trás e verá que foi apenas mais um obstáculo vencido.

Estou com você.

11.4.10

A La Folie

Manhã - Levei a Poupée ao veterinário: consulta, vermifugação, banho e unhas cortadas. Missão cumprida. Ela está tão linda... e eu tão apática.
  
Tarde - Liguei para aquela que há mais de dez anos ouve, aconselha, atura e nunca (nunca mesmo) me critica: "vamos sair, Fátima, pelo amor da minha sanidade mental".

Noite - Tentamos assistir 'Um Sonho Possível', com Sandra Bullock. Sessão encerrada. Não deu certo. Nenhum outro filme aparentemente interessante. São 19h30min. Deus me livre de voltar para casa agora. Vamos comer, tomar um café, bater um papo - coisas que duas amigas 'avulsas' normalmente fazem num sábado à noite



Quatro horas juntas.

Algumas risadas.

Conversa em dia.

Tristeza camuflada.

Podemos ir embora.

.
.
 Em casa. Pensamentos vagos.

Melhor é dormir. Enquanto durmo, não penso.

6.4.10

Complexidade

já desejei coisas e pessoas. já conquistei pessoas e coisas. errei e continuo errando, mas sempre querendo acertar. conheci pessoas únicas, as quais jamais esquecerei. já chorei por amor e ri à toa por causa deste mesmo sentimento. carrego, suporto, insisto - e pago alto preço por isso. falo e faço bobagens, das quais geralmente não me arrependo. sou incompreendida, algumas vezes, porque sou dona da verdade - a minha pelo menos.
sou tolerante até certo ponto. explodo quando sinto que não sou obrigada a engolir o que me incomoda. sofro além da conta com o sentimento de perda, embora perder nem sempre signifique derrota ou subtração. a gente só precisa encarar a frustração ou trauma (ou sei lá o quê) com coragem, mesmo que o peito sangre e os olhos chorem oceanos, pois o tempo se encarrega de mostrar se aquele sofrimento era ou não superestimação do acontecimento e também de colocar tudo em seu devido lugar. depois, tantas vezes, a gente acaba até rindo de nosso próprio drama.
o fundo do meu poço, moradia vez em quando necessária, acolheu-me sempre de braços abertos. emergi com a força devida para continuar, pois não há dor que perdure.
tolero os sarcásticos e divirto-me com os idiotas. detesto gente fútil. detesto gente hipócrita. detesto gente egocêntrica. detesto detestar, mas nem sempre há outra escolha, então, detesto. mas não odeio - ódio é sentimento muito pesado para carregar. permito-me ficar sozinha - revigora -, mas detesto solidão. nasci para interagir. gosto de observar. detalhes são importantes para mim. não suporto ser julgada. não admito ser desrespeitada. acho que minhas entrelinhas dizem mais a meu respeito do que as próprias linhas (embora aqui eu não as tenha economizado). alternando entre o sim e o não, tento ser feliz.
guardo situações, palavras e gestos com extrema perfeição. falo palavrão, mas também sei manter a classe. às vezes, quando poderia falar, calo (porque nem sempre vale a pena dizer o que se pensa). apaixonei-me inúmeras vezes, amei poucas. sei que fui apaixonante para alguns, amada por outros. viver pela metade? não aceito. em cima do muro? não dá. a gente precisa tomar partido, ter opinião, saber o que não quer. sou intensa, sofro por isso. se me prometer algo, por favor, cumpra - a decepção muda, e muito, minha forma de ver uma pessoa.
a vida bem que poderia ser cor de rosa, mas não é. portanto, ou aprendemos a conviver com quem somos e com a pluralidade que nos cerca, ou viveremos cheios de questões mal resolvidas, tornando-nos pessoas amargas, repletas de doenças na alma.

5.4.10

Outono em Mim

Há alguns dias o outono chegou por aqui, mas o calor do verão tropical se recusava a ir embora... até hoje. 

São Paulo amanheceu finalmente com cara de outono: chuva o dia todo e um friozinho gostoso, convidando para o aconchego de uma roupa mais quente, um chocolate, um croissant.

Confesso que prefiro os dias frescos da primavera e os ensolarados do verão - as pessoas ficam mais alegres e soltas, parece que o calor emana da alma. Mas também não resisto ao charme do outono e inverno. Acho o máximo a elegância das botas, casacos, cachecóis & cia. Além disso, tudo fica mais romântico: o teatro, o jantar a dois, o vinho, o cinema, o café. Ah! E a cama? A cama fica enorme, pois tudo o que se quer é dormir agarradinho, pé com pé. 

Por outro lado, quando está frio, o nosso comportamento tende a ser mais introspectivo - saímos menos de casa e conversamos menos, por exemplo. Por isso, as pessoas solitárias acabam sofrendo ainda mais nessa época. Dizem que a depressão é mais comum em países com inverno rigoroso e suspeita-se que a produção da melatonina tenha alguma relação (nos países em que há baixa luminosidade, a produção desse hormônio é maior). Tem até uma música de Charles Aznavour que faz referência à relação 'calor versus felicidade': "Il me semble que la misère serait moins pénible au soleil" (parece-me que a miséria é menos dolorosa sob o sol).

Enfim, faça sol ou faça chuva, esteja frio ou calor, acho que cada estação - com suas características peculiares - tem seu encanto que, de uma forma ou outra, acaba sempre nos envolvendo.


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Outono em Mim.

3.4.10

Non, Je Ne Regrette Rien

Apesar de tudo, inclusive da tristeza que muitas vezes não perdoa, não, eu não me arrependo  de  nada. Absolutamente nada.

Nossos risos, as conversas olhos nos olhos, as brigas, os telefonemas, os almoços, nossa viagem, cada lágrima compartilhada, as músicas que transformaram-se em nossa trilha sonora, todas as aventuras e desventuras que vivemos, tudo estará para sempre em minha memória. Nada, nem mesmo o tempo e a distância poderão levar você para longe de mim.

Muitos dos melhores momentos da minha vida foram ao seu lado. Obrigada.


"Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida."
[Clarice Lispector]